Eu comecei a ler histórias em quadrinhos muito novo, quando ainda morava em Mendes, uma cidadezinha com 40.000 habitantes. Devia ter só uma banca de jornal na época, e eu tinha que ir de bicicleta até o centro da cidade. Lá eu me amarrava em ficar olhando as revistas, e um dia resolvi gastar meu parco dinheirinho numa delas. Entre tantas opções, eu não queria pegar uma revista que estava no número 94, e sempre gostei de super grupos (+ personagens > 1 personagem). Sem internet e grande mídia, eu não sabia muito nem sobre X-Men, nem sobre WildCATS, sendo que esta última estava no número 4, e a primeira, no 94.
A grana sempre foi curta para esse tipo de hobby e acabou não muito depois que eu o comecei (junto com a revista). Fui voltar a ler só depois, já morando numa cidade maior do interior do Rio. Aproveitando um evento que representava a caça dos mutantes, e inspirado por um amigo que colecionava Homem-Aranha, passei a ler X-Men. A partir daí, eu e ele comprávamos e líamos tudo que a Marvel publicava, até eu desistir das revistas depois de uns dois anos. Comics americanos tem essa característica chata, as histórias não permitem grandes mudanças. O Homem-Aranha é sempre o Homem-Aranha, os heróis velhos não morrem, nem se aposentam, heróis novos são raros, a roda sempre gira e volta pro mesmo lugar. Ka. Desisti de ler comics americanos e descobri os mangás (eu já via animê desde a época de Cavaleiros do Zodíaco, mas antes eu tenho vagas memórias de Zillion). Agora sim, personagens que evoluem, histórias com começo, meio e fim. Objetivos claros do autor. São as únicas revistas que eu compro hoje em dia, apesar de eu ter redescoberto interesse em comics americanos, mais em revistas da Era Moderna. A vida das histórias de super-heróis são comumente divididas em várias Eras, com variações de estilo interessantes, sempre reagindo à sociedade que as lêem.
Era de Ouro
Foi quando tudo começou. No fim dos anos 30, surgiram os primeiros heróis de roupas coloridas e cuecas por cima da calça. O primeiro herói, como todo mundo sabe ou suspeita, foi o Super-Homem. Com o sucesso das revistas, novos títulos foram criados e logo uma horda de heróis combatia o crime pelas ruas dos EUA, e não muito depois, pelo mundo. Com a Segunda Guerra, os vilões padrões iam de nazistas loucos à japoneses durões. Nessa época, os heróis eram mais práticos, com grande influência da guerra. Um herói que matava não era anormal, sendo essa resposta vista como correta quando necessária. Aqui surgiu o primeiro super-grupo (Sociedade da Justiça), o Capitão América, o Namor, o Batman, o Flash, o Lanterna Verde. No fim da guerra, as revistinhas de heróis decaíram, com os outros gêneros ganhando força. Muitas foram vendidas e descontinuadas. Isso permaneceria até a próxima Era.
Era de Prata
Essa Era começou no início dos anos 60, com a reformulação do Flash, com vários elementos de ficção científica. Outros heróis foram relançados com sucesso, e a febre dos quadrinhos tomou conta de novo. Por causa de restrições no tipo de publicação para proteger a “juventude”, as histórias da Era de Prata eram mais leves, mais cômicas, sem grandes questões políticas e sociais envolvidas (nem pequenas). Havia muitas viagens espaciais, eventos bizarros e lutas contra robos e alienigênas. A era nuclear trouxe vários heróis com mutações radioativas. A grande mudança agora era a importância dada para o lado humano do herói. Com esse foco, nasceu o Homem-Aranha (com os problemas de um nerd de segundo grau). Com a influência do movimento negro, surgiram os X-Men (discriminados pela sociedade pelo que eles eram); o Quarteto Fantástico com seus problemas de família. Muitas coisas clássicas de super-heróis foram criadas nessa Era, por exemplo, como “não matar o vilão”, ser politicamente correto, assim como os estereótipos do vilão clássico. Maníacos, megalomaníacos, planos mirabolantes, super gênios, armadilhas complicadas para matar heróis. Além disso, são definidas claramente as duas mega empresas que dominam o mercado até hoje: a Marvel e a DC.
Era de Bronze
A Era de Bronze inicia quando alguns roteiristas começam a quebrar o código de conduta para falar de temas proibidos, como morte de entes queridos, luta contra as drogas e desigualdades sociais. Duas histórias famosas marcam esta mudança: a morte da namorada do Homem-Aranha, e a descoberta pelo Arqueiro Verde que seu “robin” usava heroína. Os heróis eram mais humanos do que nunca, tendo que cometer erros e tomar decisões difíceis, onde não existe resposta certa. Heróis racistas, alcoólatras e com outros defeitos aparecem. Modas e coisas da época, como música e estilo de roupas são finalmente adotados abertamente por heróis e vilões. O tema de heróis contra a sociedade surge mais forte que antes.
Era de Ferro
Esta Era é marcada pelo abandono do estilo “herói”, como consequência lógica da humanização dos personagens. Agora, esses não dão mais preferência para colant coloridos, mas sim para couro e roupas pretas e metálicas. Os heróis começaram a usar armas e matar não era mais tabu. O Justiceiro é o grande representante dessa Era, e há histórias mostrando um Batman velho, cínico e sádico, ou um Demolidor totalmente obstinado na sua luta. Mesmo os heróis que não matam são mais sombrios, mais violentos do que nunca. A moral dos heróis também está no chão. Drogas, abusos, fumo são vistos sendo usados por heróis, com vários até cobrando por seus serviços. Histórias de super militares, heróis solitários (em oposição a super grupos), poderes mais realistas também são importantes.
Era Moderna
Na Era atual, há um retorno às raízes. A super violência e tons de cinza da Era anterior são abandonados em troca de uma busca pelo melhor de cada Era anterior. As histórias agora são cheias de um senso de idade. Os super-heróis não são mais novidades nos seus mundos fictícios nem na grande mídia. O monopólio Marvel-DC é quebrado, com novas editoras entrando no mercado, como a Image (com Spawn e WildCATS). Artistas e roteiristas celebridades surgem, tendo suas assinaturas em trabalhos atraindo compradores, como Frank Miller, Alan Moore e Alex Ross. Histórias de outras produtoras sobre a vida real dos super-heróis num mundo moderno e verossímil fazem sucesso (Astro City, Supremo, Watchmen). Recentemente, tivemos grandes eventos balançando os universos famosos Marvel e DC (Guerra Civil e Crise Infinita) e a aparição de um enorme mercado de filmes de super heróis e histórias em quadrinho. Homem-Aranha fez um sucesso incrível e abriu caminho para X-Men, Super-Homem 4, Batman Begins, Hulk, Sin Ciy. Batman: O Cavaleiro das Trevas foi sucesso de público e crítica, sendo a segunda maior arrecadação dos Estados Unidos e o segundo filme na história a bater a casa de 500 bilhões de dólares arrecadados em território americano (em ambos os casos, o primeiro lugar é do Titanic). Ele é a maior distribuição de cinemas e a maior arrecadação no primeiro fim de semana também.
Antes da gente conversar sobre isso, eu não sabia que durante a história das HQs tivesse esse tipo de divisão, achei interessante
Muito legal! Beijos
Só para fazer inveja eu tenho o “Incrivel Hulk” Nº 2 de 1979 e “Tocha Humana” Nº 24 de 1976.
Heranças do meu Pai que me viciou em Gibis…
No mais prefiro a Tal “Era de Ferro”.
Boa materia.
Artigo esclarecedor para os leigos, muito bom. Apenas um detalhe, Mendes era pequena mesmo, uns 17 mil habitantes.
@Cris: valeu o comentário mãe Volte sempre!
@Gun_Hazard: Bons números. Nunca tive nenhum gibi raro. Tirando acho que o Cavaleiro das Trevas.
oi eu fiz uma historia de açao e aventura parecidas com as suas eu queria que vc visse a minha historia em quadrinho que se chama van reusin ela e muito legal entao veja como ela e legal ela esta no cite do julianoazulrock@hotmail.com e so ver thau …^^…
minha historia ela e conhecida como Jonh Marton o caçador de monstro ela foi votado por muitas pessoas e o apelido dele é cavaleiro das trevas …^^…