Sábado, 14 de março de 2009. Na praça da Apoteose, o tempo estava abafado e com ameaça de repetir a tempestade do dia anterior, mas só chuviscava. O movimento parecia fraco, será que o retorno da Donzela de Ferro ao Rio seria de baixo impacto? Na procura de um bom lugar para assistir ao show, eu e o Mestre andamos pela Apoteose pra lá e pra cá, afinal, tendo 1.60 cm de altura, não é fácil assistir a um show de qualquer lugar. Durante nossa andança, começou a banda de abertura, Lauren Harris, a filha do patrão do Maiden. Foi um showzinho fraco, sem grandes emoções, e com claros ares de nepotismo no mundo da música.
Enquanto a senhorita Harris cantava sua meia dúzia de músicas, decidimos subir para a arquibancada e de lá tivemos uma boa vista de todo o palco e da grande multidão que chegou aos poucos e logo lotou o local. Lauren acabou seu show e um pano preto escondeu o palco, enquanto os roadies montavam o cenário do show. A espera pela banda não demorou muito, pois cerca de 20 minutos depois, o Iron Maiden estava no palco, em forma e cheio de energia e metal para todos. A galera foi ao delírio. Milhares de vozes entoavam juntas “Maiden, maiden!”. O cenário do palco era de referência egípcia, como a capa de um de seus álbuns clássicos, o Powerslave, de 1984. Foi um sonho.
A banda iniciou seu espetáculo com Aces High, seguida de Wrathchild, música da época em que Bruce Dickinson ainda não conduzia a Donzela. A cada música, um diferente pano era trocado no fundo do palco, com capas antigas e clássicas da banda, tudo para dar mais ênfase à turnê dedicada aos anos dourados do Maiden. 2 Minutes To Midnight fez o público cantar mais alto… Não dava para não sentir a sensação que dominava o local. Estávamos todos ali por um motivo, uma banda e suas melhores músicas e tudo estava indo perfeitamente bem. O show seguiu com Children Of The Damned, uma música mais calma pra dar um fôlego pro pessoal. O Bruce não parava de correr por todo o palco, chamando, gritando, pedindo “Scream for me, Rio!”. Minha garganta sente até agora por atender a esse pedido…
Era a vez de Phantom Of The Opera, que eu não pulei muito, pois não é uma das minhas favoritas. No fim da música, o pano de fundo mudou para a conhecida imagem do Eddie carregando uma bandeira em meio à guerra… Sim, era a vez de The Trooper! Bruce apareceu vestido com um uniforme, como o Eddie da imagem, com a bandeira da Inglaterra em mãos. Ele corria e a multidão gritava “OOOOOH”! Volta o pano de fundo com tema egípcio e todo mundo acha que é a vez de Powerslave, mas vem Wasted Years. A apoteose cantou unida, como num hino. Fundo preto. Bruce conversa com o público sobre uma história envolvendo um navio, tragédia e todo mundo já sabia o que viria a seguir: os 15 minutos de Rime Of The Ancient Mariner. O fundo mudou para uma paisagem desolada de um navio fantasma, abandonado e Bruce apareceu com um manto preto, como se fosse a morte.
Egito de novo e dessa vez o público acertou: Powerslave. Senti a arquibancada tremer quando a música começou. Bruce apareceu com uma máscara tribal e assim cantou mais esse clássico da banda. Fogos, explosões, toda a parafernália técnica deixou o show mais emocionante a cada momento; era uma super produção. O comecinho clássico de Run To The Hills levou geral ao delírio. Nessa hora, eu não existia mais. Era só um pedaço de cabelos, suor e alegria. A sede, o calor e as dores que já davam seus sinais pelo corpo ficaram em segundo lugar. Bruce subiu até um ponto mais alto do palco e ficou de costas para o público. Sim, era ela… Fear Of The Dark! Celulares e isqueiros se acenderam por todo o local. Foi lindo poder cantar com toda a multidão, bater palmas e pular. Sinos. Hallowed Be Thy Name, a música que fecha com chave de ouro o conhecido álbum The Number Of The Beast, de 1982. Ao fim da música, começa Iron Maiden, e um sarcófago gigante com a cara do Eddie aparece atrás da bateria. Mas, no meio da música, acontece uma explosão. Duas chamas vermelhas gigantes e BUM! O sarcófago abre e de lá sai uma múmia Eddie gigantesca, se movendo pra lá e pra cá. Todo mundo gritava, era demais! Eddie, Eddie, Eddie! No fim, explodiram faíscas dos olhos dele. Uau! A banda se despediu do público e saiu, mas todo mundo sabia que eles iam voltar, né?
Silêncio. Escuridão. Uma voz meio sombria começou uma narração, que todos conheciam muito bem. Era o início de The Number Of The Beast e contava com um senhor capeta sentado do lado direito do palco. Não sei se foi impressão minha, mas achei que o público não agitou tanto nesta música como deveria. O fundo mudou novamente e apareceu a imagem da capa do Somewhere In Time, de 1986, e a banda começou a tocar The Evil That Man Do. No meio da música, surgiu do nada um Eddie futurista GIGANTE, como o da imagem, andando pelo palco e apontando sua arma para a multidão. Foi incrível! O fundo mudou novamente, dessa vez para a imagem de um Eddie mais antigo e começou a tocar Sanctuary. Bruce parou a música no meio e conversou com o público, agradeceu, falou da pré-estréia do documentário deles (Flight 666), que fora naquele dia, no Cine Odeon. Parecia muito feliz pelo show e assim eu estava e creio que todo mundo também. Ele terminou a música e a multidão não parava de gritar “Maiden, maiden!”. Fim de show, e para mim, a consagração de um clássico da história do heavy metal. Para quem acha que a banda se vendeu ou é mainstream demais, só lamento. Perdeu um belíssimo e grandioso show. UP THE IRONS!
Fotos do show pelo Jornal O Globo Online
Iron Maiden – Somewhere Back In Time World Tour
Praça da Apoteose, Centro, Rio de Janeiro
14.03.2009
Set List
Aces High
Wrathchild
2 Minutes To Midnight
Children Of The Damned
Phantom Of The Opera
The Trooper
Wasted Years
Rime Of The Ancient Mariner
Powerslave
Run To The Hills
Fear Of The Dark
Hallowed Be Thy Name
Iron Maiden
The Number Of The Beast
The Evil That Men Do
Sanctuary
Putz, eu tinha ficado com vontade de ter ido ao show, mas depois dessa resenha, fiquei mais frustrado ainda de não ter ido. Muito bom!!!
Deu mole. O show foi bom demais. Cantar Fear of the Dark com o tio Bruce é incrível. Pena só que não tocaram Can I Play with Madness, ou alguma do Brave New World(eu gosto). A última e a segunda são fraquinhas.
E te dizer, o coroas cheios de gás. Não só o Bruce, mas os músicos. Andam, correm, pulam, chutam.
UP THE IRONS! que venha 2011.
e eu queria deixar essa cena registrada, que me vem a cabeça sempre que eu leio Iron Maiden.
http://www.youtube.com/watch?v=iqAyKj1FqZU
Kra eu sou fã do iron… gostaria muito de ter ido, mas enfim fica pra próxima.
Eu peguei um avião e me mandei pra Brasília assistir ao show, afinal, são mais de duas décadas de paixão pelo Maiden, sem nunca tê-los visto ao vivo. Estou sem voz até agora… ^^
Adendo cultural: Balard, o Balard lá do D&DBrasil???
É ele sim!
Háhá! A internet é um ovo, mesmo… ^^
Bom saber. Já tava com saudades desse moço – faz tempo que não apareço no fórum. Obrigado, Rayana!