Cansei

A busca pela individualidade do ser humano parece levá-lo cada vez mais a um caminho de similaridade com o próximo. Seja nas alterações físicas, espirituais, sociais. A tatuagem, clamada como um grito de expressão, tornou-se corriqueira e pode ser encontrado na pele da maioria das pessoas. A tal expressividade se perde no contexto em que estrelinhas e borboletas apenas sintonizam uma tendência urbana de “querer ser cool”.

Não vejo muito isso agora, mas houve uma época em que a palavra bruxaria entrou na moda. Talvez filmes tenham influenciado, mas houve um número enorme de pré-adolescentes comprando revistinhas da chamada “wicca” nas bancas, se auto proclamando bruxos e jogando rituais de amor por todos os cantos.

Os símbolos musicais, como o heartagram da banda HIM, criado por seu vocalista, foi e muito tatuado por seus fãs. As tribos musicais buscam uma individualização que surge na coletividade: tente contar o número de ruivas tingidas num evento de rock/heavy metal. Mais fácil contar as outras. Vamos pintar o cabelo pra ser diferente dessa sociedade sem graça e no seu primeiro evento você vai encontrar umas 15 gêmeas. Eu pintei meu cabelo, por três meses e desisti. A cor natural era muito melhor. Nunca mais pintei o cabelo e lá se vão seis anos!

Acho exagerado quem não poupa os trajes rock ‘n roll excessivos no dia a dia. Ir num show, vá lá. Dia a dia com rendas e tachinhas? Encaro o metal como um estilo musical e não como uma causa para matar e morrer, como vejo muitos por aí. Até falar metaleiro hoje é proibido. Tem que ser “headbanger”. Topei com um desses num show, que fez um discurso enorme sobre como ele era tão headbanger. Minha palavra final? Que metaleiro sem noção! É preconceito? Não, pois aposto que eu entendo e gosto tanto de heavy metal quanto ele. Não vejo nada demais em usar as duas palavras.

Não dá para ser autêntico e fazer parte dessas tribos, não. Eles tem padrões de regra e comportamento, que ao serem cumpridos te tornam membro do grupo, te tornando o mais novo indivíduo igual a todos, mas sem nenhum senso de auto crítica. Metaleiros, cansei de vocês. Cansei de caras sem noção que fumam um cigarro e chacoalham o mesmo no ar, derrubando cinzas nos braços alheios. Gente que acha que cor de roupa define o qual entendido do estilo você é. Eu uso rosa choque neon, e daí? Acho que estou ficando velha. Ou melhor, vocês que precisam crescer, minha gente! Viva a diversidade de gostos!

Você gostaria de receber as atualizações do O Mestre e a Pinguim por e-mail? Clique aqui.
Share
Esta entrada foi publicada em Cotidiano e marcada com a tag , , , . Adicione o link permanenteaos seus favoritos.

3 respostas a Cansei

  1. Liv Milla disse:

    Concordo com todas as palavras ditas aí…
    Quem precisa fazer parte de uma tribo, de cabelo liso, olhos azuis, pele clara e roupas negras, quando se tem um cérebro?
    Eu sou estranha, mas pelo menos sou eu mesma, com todos os meus defeitos e qualidades!
    Gostei…

  2. Nelson disse:

    Ótimo post!
    Você não está velha, claro que não. Mas ganha discernimento com a maturidade. Qual a criatividade em tatu cheirar rabo de tatu?
    Salve a volta do MeaP!!!!! ;-)
    bjs

  3. Gun Hazard disse:

    Você está ficando velha :P

    PS: agora você me fez me sentir mal de ir dar aula de coturno!

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>