Essa piadinha rolou solta na net semana passada. Todo mundo viu, comentou, criticou e elogiou a esperada adaptação do clássico do Alan Moore. Eu particularmente esperei ansioso, desde que li as primeiras notícias e vi as primeiras fotos do filme. Parecia tudo perfeito demais para uma adaptação. Mas depois de ver Batman, Homem Aranha e Homem de Ferro, nem estava mais preocupado com a mão destruidora de Hollywood. E depois, o diretor é o mesmo do Sin City e 300, que foram passados perfeitamente para as telas.
Eu não tenho as revistas do Watchmen. Eu as li legalmente, digo logo, pegando emprestado de um amigo meu: a livraria Siciliano.
Mas o lançamento das revistas foi leeento, especialmente para lançar o quarto e último volume. Logo, eu era fã da série mas não tinha visto o final. Só que isso nunca me preocupou, afinal, Alan Moore é um dos meus roteiristas preferidos. Top 10 e a versão dele do Supremo estão entre meus quadrinhos favoritos, lá no topo da lista. Esperei calmamente a oportunidade de pegar o 4º volume, antes de ver o filme. De preferência, ganhar ele junto com o 2º e o 3º, combinando com o 1º que ganhei de Natal.
Só que parece que a editora do Watchmen não levou muita fé, e diferente de Crepúsculo, que até hoje tem paredes feitas com os livros, Watchmen sumiu das livrarias já em janeiro. Então, tive que recorrer aos meus amigos sem face da web para descolar o 4º volume e ler antes do filme (na verdade, eu peguei emprestado do meu amigo Rodrigo, e ele por sua vez pegou dos amigos sem face).
Eu li. Bom. Eu adoro o Alan Moore, mas sinceramente… O final deve ser muito hermético e cheio de sutilezas que eu passei batido. Achei uma grande porcaria. Os personagens principais se comportam como idiotas, os antagonistas ganham os últimos e melhores diálogos (sendo que ele(s) mal falaram nada ou fizeram algo de interessante na história toda). Pra finalizar, o “vilão” é obvio, apesar do autor tentar fazer que ele seja misterioso. E tem pelo menos uns 15 meios diferentes de acabar com a Guerra Fria (e conquistar o mundo se ele quisesse) com os recursos que ele tem… Frustrante o final.
Então, no glorioso dia seguinte, fui ver o filme na sua estréia, na sessão das 6 horas.
Ingressos comprados antes da hora do almoço nos melhores lugares. Cinema lotado. A vista, o provável adolescente-pentelho-chato que vai atrapalhar o espetáculo com comentários altos e outras faltas de educação. Mas com minha Pinguim (agora sem trema) e meu pipocão, eu estava preparado.
Rapaz, falar disso uma semana depois é repetitivo, mas a abertura com a morte do Comediante, e a sequência de seis minutos dos créditos com a trilha The Times They Are A-Changin’ do Bob Dylan foi completamente hipnotizante. A parti dali eu esqueci o mundo, e delirei no filme. Os personagens, dos uniformes às vozes, não podiam estar mais perfeitos. A fotografia escura, o ar de decadência, o desenvolvimento da trama. Ótimos. As cenas de ação, violentas e cruas. O leve toque de sadismo que dado aos Vigilantes era sutil mais precioso.
A trilha sonora. Ah! A trilha sonora. Não só começando com Bob, teve Nat King Cole, Simon & Garfunkel, Jimi Hendrix. Até o Hallelujah do Leonard Cohen (aquele que toca no Shrek 2) teve. Boa parte da trilha do filme foi pega direto dos quadrinhos, que no final de cada capítulo tinha o trecho de uma música.
Chegando ao fim do filme, meu coração aperta. Estava tudo perfeito, como na história. Pra mim, não tinham cortado nada que eu senti falta, e tudo que precisava ser visto estava ali. Mas tinha o final. Eles com certeza mudariam o final. Agora, o meu medo era o COMO eles mudariam o final. Bom, começou a sequência. Começou bem, eles descobriam quem estava por trás de tudo de uma maneira um pouco menos besta que nos quadrinhos (mas besta ainda). Toda a sequência final foi incrivelmente satisfatória para mim. Mas tudo podia ir por água abaixo a qualquer momento. Até que, então, é revelado o plano mestre do vilão (tô tentando não dar spoilers, ok?). Eu sorri de orelha a orelha. Os senhores David Hayter e Alex Tse, os roteiristas, respeitam minha inteligência muito mais que o senhor Alan Moore ( que devia estar cheirado quando escreveu o fim da revista). Ali eu já sabia que sairia satisfeito. E acertei. Os personagens principais tiveram ações muito mais coerentes, ALGUÉM conseguiu deixar o antagonista menos certo de si, quase todas as frases finais dos quadrinhos foram proferidas, mas em bocas muito mas satisfatórias que a do texto original.
E a última cena realmente deu medo!
Então, pra finalizar a crítica, Watchmen merece ser visto, lido e ouvido por todo mundo que goste de uma história que faça você pensar, e que queira ver super-heróis sendo tratados com profundidade e maturidade raramente vistos.
Com um dos grandes filmes desse ano riscado da lista, que venham os próximos. Se forem metade do que Watchmen for, estarei feliz de ter gasto meu dinheiro.
Para 2009:
Watchmen – Visto
The Spirit – 20 de Março
Dragonball – 8 de Abril
Transformers 2 – Junho
Era do Gelo 3 – Julho
Harry Potter – Julho
G.I. Joe – Agosto